terça-feira, 26 de agosto de 2008

Billy Eliot - Ética e Moral

" Todo mundo já ouviu falar no 'jeitinho brasileiro': poder, não pode, mas sempre se dá um jeito... Certos 'jeitinhos' parecem inocentes ou engraçados, e às vezes até são vistos como sinal de vivacidade e esperteza, por exemplo, quando se fura a fila do ônibus ou do cinema. Ou, então, para pegar o filho na escola, que mal há em parar em fila dupla? Outros 'jeitinhos' não aparecem tão às claras, mas nem por isso são menos tolerados: concorrências públicas com 'cartas marcadas', notas fiscais com valor declarado acima do preço para o comprador levar sua comissão ou compras sem emissão de nota fiscal para sonegar impostos".
(Trecho tirado do livro: ARANHA, Mª Lucia Arruda e MARTINS, Mª Helena Pires. Temas de Filosofia.)
Antes de discutir o tema que foi citado no título acima (Ética e Moral) terei que mencionar um fato que é muito importante para o desenvolvimento desse texto. Algo que se torna cada vez mais irrelevante no mundo no que vivemos, o Valor, o que ele é, o que representa?
As pessoas agridem padrões de comportamento no seu dia-a-dia e agem como se isso fosse normal. Quem não gosta de levar vantagens sobre tudo? Se acha normal essas irregularidades e favorecimentos.
Observando os exemplos da epígrafe, o " jeitinho" surge como forma autoritária e individualista, que considera as normas da vivência em coletividade. Certas ações, tornam-se objeto de valores quando as classificamos como justas ou injustas, certas ou erradas, boas ou más, é a partir daí que surge a idéia do que é o Valor.
Formulamos juízos de realidade, mas são inacreditáveis os juízos de valor. Fazemos valores estéticos, de utilidades, moral, religioso. Há, portanto, o mundo das coisas e o mundo dos valores, ele é sempre uma relação entre a pessoa que valoriza e o objeto valorizado. Ele é uma experiência humana que se encontra no centro de toda vida. Dentre os mais diversos valores existentes escolhemos analisar os valores morais.
" A moral é o conjunto de regras de condutas assumidas pelos indivíduos de um grupo social com a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal" (Temas da Filosofia). Interagindo com o filme "Billy Eliot", é possível notar que a moral no filme é relacionada á família de Billy, que vive em uma sociedade proletariada, marcada por dificuldades financeiras. Sociedade essa que acredita somente nos seus próprios valores, como por exemplo a questão do boxe para meninos e o ballet para as meninas, não existe uma possível troca de ações.
" Ética, ou filosofia moral, já é mais abstrata, constituindo a parte da Filosofia que se ocupa das reflexão sobre as noções e princípios que fundamental a vida moral" (Temas da Filosofia). No filme, fica explícito que a ética é o que Billy acredita, ele só se sente feliz quando faz o que quer (dançar), acredita nas suas próprias convicções, mas sem prejudicar ninguém para conquistar o seu objetivo.
Se cada um pudesse fazer o que bem entende, não haveria moral propriamente dita. O sujeito moral intui os valores como fruto das relações com os outros. Não é o sujeito solitário, que se torna moral, pois é a vida moral que se funda na solidariedade, é pela descoberta e reconhecimento do outro que cada ser humano descobre a si mesmo. Ao responder a pergunta: " Como eu devo viver?", o sujeito moral dá uma resposta com a dimensão da validade universal, porque o sujeito moral não é individual, egoísta, mas sim capaz de reconhecer o outro como um outro-eu, que é tão importante quanto eu sou. Mas as pessoas se esquecem, ou até mesmo, não percebem alguns valores, certos valores que são fundamentais: nas grandes cidades, como São Paulo, o individuo exagerado, torna as pessoas menos generosas e mais desconfiadas. Da mesma forma, como existem sociedades mais morais e outras mais cínicas, dependendo da maneira pela qual facilitam ou dificultam o desenvolvimento da consciência ética dos sujeitos.
No filme, a sociedade em que Billy Eliot pertence, é uma sociedade que dita "a moral e os bons costumes", mas na realidade ela é cínica, pois as pessoas que nela pertencem vivem com máscaras embutidas, não assumindo quem realmente são, Billy, é a diferença entre eles, pois afinal só somos felizes se conseguimos fazer o que nos faz bem.
Quando falo em sociedade cínica, posso citar o amigo de Billy, que às escondidas gosta de vestir as roupas da irmã e se maquear, ou a sua professora de ballet, que é frustrada por não ter crescido profissionalmente como bailarina, ou seu pai, que se demonstra autoritário e rude, mas que no fundo é um "poço" de sentimentos. Estas são pessoas que não são felizes.
Existe uma passagem no livro "O Mundo de Sofia" de Jostein Gaarder, que diz: "Sócrates achava impossível alguém ser feliz se agisse contra suas próprias convicções. E aquele que sabe como se tornar uma pessoa feliz certamente tentará fazê-lo. Por isso é que faz a coisa certa aquele que sabe o que é certo. Pois ninguém deseja ser infeliz, não é mesmo?"
Para Kant, o céu estrelado estava sobre nós e a lei moral dentro de nós.
O Eternamente verdadeiro
Eternamente bom
E eternamente belo.
Caroline

Um comentário:

Francisco Castro disse...

Olá, gostei muito mesmo do seu blog.

Parabéns!

Um abraço