quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Análise dos textos de Fremont e A Construção da Noção de Descentração Territorial por alunos de 1º Grau, de Lívia de Oliveira

Texto: Fremont


As lições das ciências humanas

É colocado em questão o uso do uso do espaço e da região nas ciências humanas, tendo como referência conteúdos na psicologia e sociologia, com seus mais importantes autores (Freud, Piaget e Marx). É também, posto em questão o que a geografia tem contribuido para esses estudos e onde ela deve se apoiar para a compreensão do indivíduo referente ao espaço vivido.


1. Uma psicologia do espaço

A psicologia se destaca por conta dos estudos sobre o behaviorismo (comportamento dos seres humanos reduzido ao jogo de estímulos e respostas), influenciando geógrafos e sociólogos americanos e franceses, pois para eles, o físico, o fisiológico e o psicológico se misturam, são indissociaveis, tendo como conclusão um determinismo absoluto para a época e pouco contribuindo para a Geografia.
Para Fremont, o estudo de Piaget se refere à formação continua, etapa por etapa, tendo total fundamento, mas ele acredita que esse desenvolvimento prossegue da criança para o homem, e do homem para o velho.

A Criança

A psicologia vem para contribuir muito para a geografia, quando parte do estudo sobre a criança e o espaço, pois sem esse estudo seria praticamente impossível saber de onde parte o ensino do espaço, do território, da região...
Piaget e outros autores mostram em suas obras as fases da criança para a formação do espaço vivido. Nelas são perceptíveis que essa formação tem-se a partir de um "centro" que se expande, como por exemplo, da referência que a criança tem, primeiramente, da sua família, para a sua casa e que contuinua se expandindo, conforme a idade para o mundo. Essa situação é o que J. Guillouet chama de espaço euclidiano, onde ela divide essa formação de caça em quatro fases de desenvolvimento. Ela parte de um espaço egocêntrico para um espaço vivido, que é um espaço social. O prático e o afetivo, o funcional e o mágico, o materia e o mental, são componentes que se englobam na criança e provavelmente no adulto. O importante é saber determinar qual deles predomina, pois esses se misturam ao afetivo, ao mágico, ao imaginário. O espaço infantil é um espaço de conquistas.

O Adulto

Tem abertura para novas relações sociais, é a passagem da adolescência para a fase adulta através das experiências vividas a partir da ordem ecomômica e social. É o espaço ordenado onde existem obrigações. O problema nessa fase é a liberdade individual que se põe em termo de espaço. Ele, o espaço, não se limita apenas a um simples alargamento do espaço infantil, parte também de um espaço egocêntrico (ex: sua casa ou apartamento), para um espaço social (o trabalho, o casamento, e tudo mais que lhe cerca). É como se fosse uma antítese vivida através do espaço socializado entre os comportamentos individualizados. A fase adulta é a fase das estabilizações.

O Velho

Poucas referências bibliográficas existem sobre essa terceira idade de vida, os estudos que existem focam muito a questão do espaço vivido das pessoas idosas, mas é a partir dessa idade que foram formuladas três sérias observações. A base dessa fase se segue pelas rupturas existentes para o idoso, afetando o espaço vivido.
Quando o idoso ainda se permite a liberddade de deslocação, tem acesso ao espaço vivido, não tendo tantas sucessões de rupturas. Ele pode se aposentar, mas pode abrir seu horizonte para o mundo, viajando, conhecendo novos lugares e pessoas. Mas, mesmo que ele se permita ter possibilidades físicas, o que pode acontecer é ir perdendo a sua sociabilidade (diminuindo-a), também pode ter dificuldade de adaptação com as transformações existentes no mundo, o que concequentemente afeta o espaço vivido, fazendo com que ele não acompanhe essas transformações, através das alterações do espaço físico ou das alterações das relações físicas e morais com os mais jovens, deixando o espaço se dissocializar e permitindo-se à solidão. O acesso ao externo, torna-se cada vez mais difícil por conta da dificuldade de adaptação. O espaço da velhice é avesso do espaço da criança e até mesmo do adulto. Ao invés de ir de dentro para fora, ele vai de fora para dentro, se fechando no seu casulo, se retraindo, diminuindo o contato com o espaço e com o social, o espaço social torna-se o espaço das recordações, é o espaço vivido, a velhice é retraimento e recordação.
Um fato importante a destacar, é que todas as observações do texto partem de uma sociedade industrial européia, onde é claro, podem haver modificações, partindo de lugares e ambientes diferentes, mas estas contribuem e muito, como uma "primeira abordagem, psicológica de um espaço vivido que naturalmente evolui com a vida".


Texto: A construção da Noção Descentração Territorial por alunos do 1º Grau, Lívia de Oliveira.


A leitura analisada fala sobre a teoria de desenvolvimento mental de Piaget e sua abrangência e complexidade para a área da educação, demonstra através de evidências como é a avaliação e compreensão do desenvolvimento mental da criança em relação as estruturas cognitivas do pensamento.

Através de sua pesquisa foi possível mostrar o processo de desenvolvimento mental da criança. Dividido em níveis de equilibração, que agem do interior para o exterior. Para asssim chegar em um resultado lógico, cada estágio serve como base para alcançar a próxima estrutura cognitiva, existindo ainda os estágios intermediários, que tem relação com a conduta conflitiva na criança. Ela avança de um estágio para o outro após resolver os conflitos, por exemplo: conflito>> diferentes condutas>> problema resolvido; sendo assim interpretados por três estágios: 1º estágio - A criança tem dificuldade para compreender as relações, principalmente quando ela precisa julgar. Essa dificuldade se dá por conta de seu pensemento egocentrista, que é normal nessa fase, ela pensa a partir do seu ponto de vista; 2ºestágio - Se a criança demonstra progresso na hora de manipular esses julgamentos de relação, o que ocorre como resultado é a diminuição de sua ação egocentrica, aumentando sua compreensão de mundo; 3º estágio - A criança já possui total compreensão da relatividade das noções, não tendo mais como dificuldade uma berreira egocentrica, pois ela sai dessa fase, é um estágio de progresso por parte da criança;

A relação que a criança tem sobre a construção da noção de país, estado, município, cidade, é importantíssima, pois as dificuldades que ela encontra para relacionar o todo com a parte, é enorme. Ao estudar a descentração territorial, Piaget observou, que a palavra país tem uma conotação diferente para a criança, porque mesmo que ela aprenda a palavra, existe uma conotação diferente, pois mesmo que ela aprenda a palavra país, não significa que ela saiba o significado, pois o verbal é uma adaptação da realidade em si. Ela precisa conhecer o que aprende para não ficar somente no mundo da imaginação. A criança se desenvolve mentalmente, através de uma série de três estágios antes de construir completamente a noção geográfica de país, esses são chamados estágios geográficos, que se distribuem assim: 1º estágio: 4 a 5 anos, mesma ordem de magnitude para país, cidade e municípios; 2º estágio: 6 a 7 anos, já compreendem que a cidade e o estado fazem parte do país, mas não estão dentro deles (representado nos desenhos); 3º estágio: 10 a 11 anos, constrói corretamente o todo com a parte, compreendendo essa justa-posição, além de saber o significado da palavra país;

Primeiro ela se interessa pelo nome, país, pois é interessante nominalmente, não espacialmente, por isso não consegue localizar as unidades em um plano espacial. Para que passe desse processo, primeiro precisa não só compreender a realidade de sua casa e família, como também precisa expandir esse pensamento, por exemplo: Família (casa)>> bairro>> cidade>> município>> estado >> país >> mundo.

" Quando e como a criança constrói a noção de descentração territorial tem sido a preocupação de educadores, psicólogos e geógrafos, que tem realizado investigações sobre o assunto".

É a partir da questão de quando a criança constrói a noção de descentração territorial que Piaget e Weil dão início a pesquisa sobre o desenvolvimento da idéia de pátria e das relações com os outros países, com crianças suíças de idade variando dos 4 aos 15 anos. Tendo como resultado, que a criança no início do seu desenvolvimento não tem nenhuma conotação afetiva referente a idéia de pátria. Para que consiga atingir essa idéia, primeiro precisa atingir o estágio de descentração territorial, onde ela se permite expandir interesse da sua casa para a cidade, município, região, país , mundo. Existem fases que permitem com a criança atinja tal compreensão: 1ª) mesmo recebendo informações sobre a sua cidade e seu país, não é capaz de entendê-las como relacionais; 2ª) Onde começa a compreender certas informações; 3ª) E última, é capaz de estabalacer relações lógicas dos territórios.

Em 1963, Jahoda retomou o estudo de Piaget e Weil com crianças escocesas, onde constatou que inicialmente as crianças tem apreensão da vizinhansa e aos poucos, gradualmente, estende a área de acordo com o desenvolvimento mental, partindo de quatro estágios geográficos: 1º estágio - A noção ainda é nebulosa de país, onde país e cidade são as mesmas coisas; 2º estágio - Os territórios são claramente diferenciados, a cidade é entendida como o lugar em que vivem; 3º estágio - O vocabulário é mais extenso do que seu entendimento lógico; 4º estágio - Compreensão semelhante a de um adulto, em que a unidade territorial é bem definida.

Já em 1971, foi realizado um estudo com crianças norte-americanas, feito por Stoltman com base em Piaget e Jahoda. Constatou que em geral as crianças mostravam maior dificuldade para conceituar município como uma forma de território, depois a cidade e o país.

Entre esses estudos realizados, foi observado que as crianças nas quais Piaget fez a pesquisa tiveram um desempenho melho que o das escocesas e norte-americanas, percebendo como influência o desempenho educacional de cada país.

Em 1974, no Brasil, foi realizada a pesquisa que origina o texto de Lívia de Oliveira, com intuito de estudar descentração territorial com alunos do 1º grau onde pudesse contribuir para o processo de ensino/aprendizagem de geografia, e auxiliar, a partir dos resultados, os professores em sala de aula. Tendo como Coordenador o próprio Stoltman, da Universidade de Kalamazoo (EUA), realizado na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, na década de 80.

Os resultados observados foram de que as crianças de diferentes idades, aparecem divididas assim: as de 6 anos estavam no 1º estágio, enquanto todas as de 14 anos estavam no 3º estágio, mostrando com clareza que o 2º estágio é o mais importante, pois além de ser um estágio de transição é o de mais dificuldade de comppreensão, pela sua variedade de idade dependendo do tipo de formação e experiências vividas que os farão compreeender as sequências dessa descentração. É o estágio intermediário, onde atividades conflitantes, são manifestadas, portanto, os maiores esforços pedagógicos e didáticos devem ser dirigidos às crianças nessa fase, tendo como objetivo esforços no preparo dessas atividades, que devem ser operatórias e que focalizem a noção de país, também desenvolvendo outros tipos de tarefas, como pesagem, deixando a criança a par de quanto pesa e quanto tem de altura, para que possa compreender como se desenvolve. Lembrando sempre que o desenvolveimento mental está totalmente ligado com o afetivo e o social.

Como adaptação da pesquissa de Stoltman, foi construido um teste, o TDT, este Teste de Descentração Territorial, serve para o professor ter como base a percepção de espaço que a criança está, e poder desenvolver atividades que as auxiliem nos estágios I e II, que são os estágios cruciais para a compreensão de território e a relação entre o todo e as partes, auxiliando na construção lógica entre país, estado, cidade.

É impotante falar que a noção de país é construida pela criança através de contato dentro e fora da escola, além de poder ser usado interdisciplinarmente, abrangendo outras áreas, deixando o assunto mais cotidiano, mantendo uma rotina, permitindo que a criança tenha um contato maior, mostrando que estudos e pesquisas sobre descentração territorial são relavantes e inportantíssimos para a geografia, pois se o professor não tem compreensão sobre essas fases da criança, de nada seviram seus esforços com atividades com assuntos que elas jamais vão entender, por serem assuntos abstratos e sem referências a outras áreas, contribuindo para um profundo desinteresse por parte delas e gerando assim um déficit de interesse e compreensão nos conteúdos e consequentemente na área em si, explicando por uma parte um dos motivos da geografia viver marginalizada pela população.

Pelo fato de a pesquisa ter sido realizada por profissionais da Universidade de Rio Claro, mostra-se um tanto teorética, contendo muitos dados estatísticos irrelevantes e de certo ponto cansativos, mas não devemos tirar sua importância, pois os estudos que por trás dela foram realizados devem sempre servir como base de apoio para um bom desempenho no ensino para crianças do ensino fundamental, ainda mais por temos tão poucos estudos seguindo essa linha de pesquisa.


Comparativo dos textos

Ao analisar os textos, nota-se que o principal assunto entre eles abordado é a questão da aprendizagem do homem em relação ao espaço, de estudos de como ele desenvolve essa compreensão ao longo de sua vida. Na visão de Fremont, o desenvolvimento do espaço vivido, são divididos em três fases, a criança, o adulto e o velho, dando uma explicação de como se forma essa relação nessas diferentes fases da vida do homem.

Já no texto da Lívia de Oliveira, o desenvolvimento tem como base de estudos as pesquisas de Jean Piaget, Jahoda e Stoltman, que discutem a noção de pátria na criança, além de a noção do que seria país e o que seria o território para elas. Nessa pesquisa, os estágios se desenvolvem em crianças, como citado acima, mostrando que passam por fases para atingir essa construção, com base na noção de descentração territorial, que é o principal tema a ser aboradado nessa pesquisa.

Os dois textos citam também o território, mas de maneiras diferentes, para Fremont, existe um excesso de território e falta o conceito de região. Para Lívia e os outros autores que englobam a sua pesquisa, o território é discutido com base no entendimento espacial da criança.

Os dois textos contribuem muito para a geografia, pois abordam um tema que deveria ser frequentemente discutido auxulianddo na compreensão do professor a desenvolver atividades coerentes para um bom entendimento e desenvolvimento da criança para que nessa fase (período) ela não passe por dificuldades de compreensão e saiba analisar e relacionar qualquer tipo de mapa, saiba também, distinguir e entender qualquer tipo de território. Claro que não é somente isso, é tudo muito complexo e importante, mas o importante é que a questão da construção da noção de descentração territorial é imprecindivel para qualquer pessoa, e um bom educador tem que estar ciente desta questão para poder fazer com que seus alunos evoluam principalmente na área da geografia, portanto, vamos a luta!!!

Caroline






2 comentários:

Mariana Tiné disse...

Muito legal seu blog... tb sou geógrafa, e é sempre bom ver trabalhos na nossa área!

Parabéns!

Mariana Tiné disse...

Te add nos meus favoritos... vez por outra vou postar algo ligado à geografia tb!!

=]

Bjo!!